24 outubro 2021

A terapia é cara


Durante muito tempo a calma dominou a minha vida: a estabilidade de uma relação com o amor da minha vida, a ausência de crises dos 20s, o domínio e controlo de um trabalho que sabia fazer já sem ter que me preparar para nada. 

Mas essa calma foi substituida nas últimas semanas pela inquietude:

É isto que quero ser? Porque é que me preocupo tanto em agradar os outros? Como é que posso ser mais criativa? Porque é que deixei de escrever? Deixei de escrever porque deixei de sofrer ou porque deixei de sonhar?

Queria que este texto fosse bonito, que fizesse sentido, que me levasse novamente a ser sonhadora e para os lugares onde já estive e para quem já fui. Mas essa já não sou eu! Evoluí para ser mais simples, menos complicada, mais conformada. Agora sinto algo no meu peito, algo que está prestes a explodir. E espero que haja mudança dentro dessa explosão. Quero voltar a escrever, quero voltar a sonhar... Quero desafios - na verdade, o que me traz aqui são desafios e só espero que sejam os desafios certos. Quero continuar a crescer, mas quero viver no momento e conseguir desfrutá-lo, porque tenho andado a adiar a vida. 

Tenho escrito, mas de forma rotineira e superficial: "dormi bem! este edredão fez mesmo a diferença". Parece que tenho medo de ir às entranhas e trazer o que está lá dentro - a minha essência. Gosto de escrever. Porque é que parei? Deixei de acreditar que gosto de escrever? Parei de achar que gosto do que escrevo? 

Olho à minha volta à procura de beleza e só vejo caos, é sintomático de como sinto a minha beleza física e interior. Sinto-me feia, por dentro e por fora. Toda eu sou olheiras, manchas na pele, gordura, a velhice a entrar-me pelos poros precocemente. Só que não desisti de mim e tenho de trazer de volta o que acho que perdi, o brilho no olhar, o sorriso, a vontade de ser melhor e mais bonita. Não me perdi... só me deixei em latência. 

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