27 novembro 2023

Feliz ano novo para mim

 

Eu a comer sushi no dia a seguir ao meu 39º aniversário, com um copo de rosé.

Acabada de chegar aos 39 anos!

O meu ano novo começa a ser preparado em novembro, já que os aniversários chamam este tipo de reflexão, e estende-se até dezembro.

Este ano tive uma crise existencial logo no começo do mês, que se tem estendido (com altos e baixos) no tempo. Têm sido meses, na verdade, com várias crises. A terapia está a tirar-me camadas protetoras que fui adicionando ao longo de uma vida inteira, que me estão a deixar a nu, e está a ser um processo muito doloroso. "Não sei viver, nem sei ser." é uma afirmação que repito durante as sessões de terapia.

Na última sessão - que foi no dia do meu aniversário porque tenho muitas questões relacionadas com os aniversários desde a infância - falámos da minha voz interior (para mim é muito difícil ouvi-la como sendo uma terceira pessoa e temos vindo a trabalhar nisso) e de como já começo a identificar um tom específico. Basicamente faço bullying comigo própria, trato-me mal e acredito que só sendo dura comigo é que consigo fazer as coisas que faço. Ela contou uma história com 2 mercadores que tinham 2 burros e que precisavam chegar ao mercado o mais cedo possível, para conseguirem o melhor lugar. Um dos mercadores, era ríspido para o burro, açoitava-o para que ele andasse e quando o burro estava mais cansado berrava com ele e batia-lhe com mais força. O outo mercador, era mais compreensivo, percebia as necessidades do burro, tentava satisfazê-las, dando-lhe água e continuando a puxar pelo burro de forma mais positiva. Ambos os mercadores chegavam ao mercado à mesma hora. Ou seja, ambos eram bem sucedidos, mas seria mais provável o burro do primeiro mercador fugir. 

É suposto ser uma alegoria ao que se passa na minha cabeça (claramente sou o mercador crápula e o burro que apanha ao mesmo tempo) e aos escapes que arranjo para não me dar comigo própria - a fome emocial ou o ruído de fundo que crio com séries e podcasts. Isso resulta em descompensações, porque tendo a não dar ouvidos aos sinais do meu corpo, quando estou cheia, irritada, cansada, etc.

[Nem sei para onde estou a ir com esta história, mas acho que escrever sobre a terapia pode ser um bom exercício de escrita, de organização de ideias e de exposição (no sentido de falar mais profundamente sobre as minhas emoções com outras pessoas, já que tenho uma enorme dificuldade em fazê-lo).]

O trabalho de casa desta semana é fazer uma lista dos meus valores e daquilo que é mais importante para mim. 

23 novembro 2023

Queria escrever

Todos os temas me parecem superficiais e sem grande sumo.

Não sei falar sobre atualidade, porque não sigo as notícias... a intensidade dos noticiários e da realidade causa-me insónias carregadas de pesadelos!

Nada de interessante se passa na minha vida para poder contar. Não me interpretem mal, tenho os meus dramas internos, tenho muita agitação na minha cabeça, mas são coisas de uma vida normal.

O meu bullet journal com um desenho de outono feito por mim e eu no reflexo da janela com a vista do Vale do Mondego num final de dia


Não tenho lido, não tenho feito desporto, o que tenho feito é tentar zerar a minha vida e começar de novo.

Desde a mudança (em janeiro) que tenho tentado forçar rotinas na minha vida: fazer desporto em horas absurdas para mim, passar o máximo de tempo com a minha família porque podemos morrer todos em breve, estar sempre feliz, ler, comer bem (e quando não como bem, sofrer e insultar-me porque não tenho autocontrolo nem força de vontade). 

Nada estava a fluir até ter um momento de choque que me fez parar e pensar no que estava eu a fazer.

Portanto, nas últimas semanas tenho-me focado em dormir cedo, acordar cedo e fazer coisas que gosto logo de manhã. Estou a escrever nesse horário, por exemplo.

A partir daqui, pretendo (não sei quando) ir acrescentando hábitos que considero importantes para o meu bem estar.

Mantenho a terapia para ajudar no processo e comecei a ter consultas com uma nutricionista para me ajudar na minha relação com a comida.

Eu disse que não se passava nada de interessante na minha vida... tenho uma mente complexa, stressada e que não lida bem com a ansiedade, mas é uma mente normal que cresceu neste mundo com uma velocidade e intensidade que não quero. É mesmo isso, sou fruto de onde e quando cresci. Somos muitos, muitas cópias dos mesmos pensamentos repetitivos, da mesma ansiedade que nos consome, do mesmo sentimento de não sermos suficientes e de estarmos a perder constantemente alguma coisa e de essa ser a coisa certa. "A esta hora devia estar a treinar ou devia estar a trabalhar porque está tudo atrasado. Porque é que estás a escrever sobre isto? Não havia temas mais interessantes?"

Vidas normais e desinteressantes, mas perturbadas. De pessoas que se desligaram do seu corpo, que são só pensamentos, que não prestam atenção ao que sentem, aos sinais que o corpo lhes dá!

Ontem passei o dia a comer guloseimas e fast food. Ao fim do dia tentei perceber de onde veio essa necessidade e percebi que estava cansada e stressada por tarefas que têm um prazo curto. Não sei lidar com isto. Enquanto as tarefas não terminarem não sei como relaxar, não sei como apenas fazer o que tenho a fazer sem me preocupar em excesso. Tudo é em excesso, até a comida. Talvez da próxima vez escreva sobre a minha relação com a comida e como está a ser o processo de redefinição de como encaro a alimentação e como esta me parece definir.